segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Trafico de drogas (lucro para todos)

Para muitos, segunda feira não é dia de acordar tarde. Mas pra mim é. E antes que eu passasse os olhos no jornal para me situar no mundo e principalmente na cidade onde vivo. A notícia de que os moradores do morro do Juramento e da Vila Cruzeiro estariam denunciando os locais que foram abandonados os corpos das vítimas do último confronto, chegou ao meu conhecimento. Até agora já foram encontrados seis corpos. Junto a isso, cinco policiais se feriram nesse confronto. Bombeiros estimam que com as denúncias esse número dobre.
A guerra civil que o Rio de Janeiro enfrenta não é mais novidade para ninguém. E a morte de policiais, traficantes e inocentes com isso bate recordes todo ano. Já chegou ao cúmulo da banalização e a credibilidade do governo para resolver o problema já passou da camada do pré-sal. O círculo vicioso do trafico de drogas no Rio e em alguns lugares do Brasil é algo lucrativo para muitas pessoas:

1 – Traficante da favela: Em sua grande maioria teve o mínimo de estudo necessário para saber contar o dinheiro que ganha. Obviamente não tem oportunidade no mercado de trabalho, e pode conseguir em uma semana o equivalente a seis meses de trabalho numa empresa comum. Tem filho(s) que vão crescer sem pai por motivos óbvios, serão restringidos de seus direitos civis, e irão futuramente participar desse mecanismo. Trabalhar no tráfico também é uma forma de atingir um status social dentro da comunidade. O traficante fica com uma parcela mínima dos lucros do esquema, já que não existem leis trabalhistas para esse tipo de emprego. Sem contar o tempo de vida que fica bem reduzido devido aos riscos da profissão.

2 – Policial: Após passar por um treinamento de combate para enfrentar os traficante no alto dos morros. O policial adquiriu (como uma lavagem cerebral) dentro do mesmo curso um certo preconceito para identificar suspeitos, a ganância para extorquir dinheiro daqueles que andam “fora da lei” e de quebra uma autoridade que o faz pensar que é imortal e imbatível. Com todas essas vantagens fica fácil conseguir soldados para outros confrontos, basta abrir outros concursos. Dentro do esquema que traço, o policial é também usado como peões num jogo de xadrez ao ter que invadir as favelas e enfrentar bandidos que possuem armas infinitamente superiores. Assim se intensifica o numero de policiais que se corrompem, recebendo o famoso “arrego” para que não haja confronto.

3 – Governo: O segundo que mais lucra com a guerra. Além de formar mais soldados para a polícia, o governo também é responsável direto pela formação de outros traficantes. Privando parte da população moradora de comunidades carentes de educação, saúde e muitos outros direitos básicos civis. Causando assim uma revolta interior desses homens que não vão hesitar em ganhar de outra forma. Isso também tem ligação direta nas nossas eleições, já que fica fácil manipular o povo que não tem a instrução devida. Nossas autoridades facilitam, em troca de dinheiro, a entrada de drogas em nosso país. Daí fica para a polícia federal fazer o trabalho de formiguinha tentando apreender o que pode nas nossas fronteiras.

4 – Usuário: Movidas pelas frustrações ao longo de suas vidas. Temos uma longa lista de drogas que são vendidas nas “bocas de fumo”. Vale lembrar a importância desse cidadão ao contribuir com seu dinheiro nos lucros de todos os outros envolvidos. Não quero levantar aqui bandeira de uma droga ou outra. Porém vale lembrar que a maior parte dos lucros está na cocaína e no crack que vem direto da Colômbia para o Brasil. Não entrarei em mais detalhes, porque apesar da campanha incentivada por nosso governo de que os consumidores de drogas são os maiores responsáveis pelo aumento da criminalidade, sou totalmente contra essa idéia. Usuários são tão vítimas quanto os moradores das favelas. O exemplo maior disso está no crack que até cinco anos arás não existia no Rio de Janeiro e que agora mata mais crianças do que qualquer doença já registrada no Brasil até hoje.

5 – Contrabandista: O que mais lucra. Popularmente conhecido como “Peixe-Grande”. Fornece armas aos traficantes, organiza o tráfico formando assim as facções criminosas, que só servem pra gerar uma outra guerra. O contrabandista nunca vê seus lucros diminuírem, já que a quantidade de drogas apreendidas pela nossa polícia (seja por terra, água ou pelo ar) é insignificante se comparado ao que chega às favelas. E o valor pago a mão de obra para que se venda a droga é muito barato. Assim como o governante, o contrabandista dificilmente recebe a punição necessária devido ao crime que cometeu.





Como você pode ver, somente com investimento em inteligência pode acabar com esse círculo. Subir a favela e distribuir tiros não é a melhor solução. Tem muita gente lucrando com essa história. Uma empresa só acaba quando tem prejuízos financeiros. Essa guerra não reflete só nos que vendem drogas. O morador da favela adquiriu, inconscientemente a obrigação de defender a facção que comanda a sua localidade. Estreitando ainda mais os seus laços de relacionamento. A maioria dos moradores, principalmente adolescentes, se sentem intimidados ao saber que uma outra pessoa mora numa comunidade de facção rival. E são facilmente manipulados quando traficantes que estão na cadeia não tem suas regalias e resolvem queimar ônibus e fazer o inferno nas ruas. Como se não bastasse a dificuldade de morar numa cidade sitiada e viver com o medo de bala perdida.


Um comentário:

Dani de Araçatuba❤️ disse...

Fantastica a matéria Marlon!!!
sou estudante de psicologia e já estou me apropriando das suas palavras p o seminário que apresentarei sobre drogas na minha sala de aula...