domingo, 30 de novembro de 2008

Noir



quando ví, achei Noir, intocável
peça rara, de preço inestimável
com estilos e formas
lapidadas por artistas
como um soneto
uma poesia parnasiana.

será raro ou faz tipo?
pergunta meu instinto
aguçado pelo original
sem distingüir a razão
sem despencar amoral

sei da tua ânsia
já fui jovem, criança
o desejo de brilhar
para encantar
já dominou minha sensatez

passei por cima da razão
disvirginei um coração
que de tão menina
só amava a ilusão
e vivi a saga de fazer paixão

fui dama, donzela, meretriz
tudo que meu destino quis
seduzí, alucinei e saí
como saem as amantes de Paris
afundei marinheiros e petroleiros

porque viver de amor não vivi
queria o novo
o audaz
o intrépido
o feroz
a esse me dei
e estou condenada
a ser FELIZ.

sim todos os dias ensaio para ser atriz!

SRa. Mariléia RÉGIS

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Claridéia

Na noite enluarada, falo e faço,
Na morte que vem breve eu agradeço.
Por fora muito amada me disfarço
Por dentro, sempre triste me reconheço.

Não gosto de pensar no que tu fazes,
Obriga-me e eu imploro o teu perdão.
Um senhor, para quem lhe é do mundo,
Um búfalo, para quem é a sua mão.

Há a hora em que desisto da vida
E penso em me entregar ao meu destino
Que é morrer sem amor e sem saída.

Embora uma refém, e mal-amada.
Sinto que o amor aqui está preso
Errei na escolha, e é o azar que mereço.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


Trabalho

T é letra de trabalho
Mas de tédio também é
De tontura, de tortura
E lá vai o seu José

Sonolento o dia inteiro
Sem vontade, sem paixão
Cinco dias, que braseiro
Nem à noite tem tesão

Trabalho foi inventado
Por quem não tem coração
Não é belo, nem honrado
E sim fonte de depressão

Nem compensa seu salário
De onde lhe vem o pão
Tão pouco, se sente otário
Dá dinheiro ao seu patrão

Dia desses como tantos
Acorda de novo seu José
Cansado, fica em prantos
Nem sabe que hora é

Atrasado é demitido
Sem moeda pro café
Seu chefe que era amigo
Hoje nem colega é

De trabalhador modelo
Foi pro fundo do caixão
Enterrado por coveiro
Não faz falta na produção

Entra João na lida
Mais um na multidão
Com pessoa falecida
Abre vaga pro irmão

Nessa rotina corrida
Que Ninguém vai perceber
Acabou um dia a vida
Todo mundo vai morrer

Thiago C M

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sem culpa

Anda feliz e se emociona toda vez que a vê.
Quando a tem não se importa com mais nada.
Respira sempre fundo quando fala,
E quando se separa, conta horas para rever.

O vício que o acompanha é sempre ativo,
Existe em sua alma de menino.
Não sabe o que é viver sem ter por perto
Um pouco da quimera como instinto.

Assombra na noite com ratos e baratas.
Pula muros, buracos e poças d’águas.
De dia é menino com pupilas dilatadas

E vai se entorpecendo, não ampare.
Os dois se amam, os dois se justificam,
Até que a morte em breve os separe